Obra
António José da Silva, cujas peças ficaram conhecidas como a obra do «Judeu», foi autor do chamado teatro de bonifrates (bonecos articulados), escrevendo peças à altura designadas por óperas. Sob influência da ópera italiana, estas óperas desenvolveram-se substituindo os actores por bonecos articulados, sendo as cenas principais concluídas por árias cantadas. A esta influência do melodrama italiano se juntou a da comédia espanhola, que então dominava o teatro português. A obra do dramaturgo é significativa mais pela concepção do que pelo volume, apresentando uma sátira mordaz de observação, tanto a aspectos da vida setecentista como a certos grupos sociais e profissionais.
A sua obra inicia-se em 1733 com Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança. No ano seguinte escreve Esopaida ou Vida de Esopo. Seguem-se então obras de inspiração greco-latina como Os Encantos de Medeia (1735), Anfitrião ou Júpiter e Alcmena e Labirinto de Creta (ambas de 1736), ambos de 1736. A sátira é uma constante na imaginação criadora do dramaturgo e a sociedade em que vive fornece-lhe imensas temáticas. No ano de 1737 escreve As Guerras do Alecrim e da Manjerona e Variedades de Proteu. A sua última produção ocorre em 1738 com Precipício de Faetonte. É-lhe ainda atribuída a autoria de Obras do Diabinho da Mão Furada.
Todas as óperas joco-sérias, como António José as classificou, foram encenadas na década de 1730 no Teatro do Bairro Alto, deliciando pessoas de vários estratos sociais que ali acorriam para se verem ao espelho e deliciarem-se com as grotescas caricaturas das suas próprias taras e manias.
O dramaturgo recupera a prosa dramática e ridiculariza a sociedade sua contemporânea mas também os padrões clássicos da estética do século que o precedeu e que, apesar de tudo, ainda era bastante cultivada nos saraus aristocráticos. Intencionalmente, António José rejeita os modelos estéticos clássicos e os padrões aristotélicos, como as «consagradas» leis das unidades. As suas obras procuravam sobretudo desmitificar a produção teatral e criar um verdadeiro teatro português. Se não foi mais longe, tal ficou a dever-se tanto ao barroquismo que enformava os gostos da época como à curta existência a que teve direito.
A sua obra seria publicada, postumamente, pelo seu amigo e editor Francisco Luís Ameno, sob o título Theatro Comico Portuguez (1744), cujos dois primeiros volumes contêm as oito óperas de António José da Silva, sem menção dos autores. Apenas Labirinto de Creta, Variedades de Proteu, e As Guerras do Alecrim e da Manjerona foram publicadas em vida, nos prelos de António Isidoro da Fonseca, entre 1736 e 1737.
Apesar de uma obra pouco extensa e de uma vida curta, a figura de António José da Silva tem surgido «modelada» como «mártir da Inquisição», aceitando o epíteto com que Teófilo Braga o celebrizou. A sua história inspirou Camilo Castelo Branco, ele próprio de origem judaica, a dedicar-lhe, em 1866, uma das suas novelas – O Judeu. Mas caberia já a um dramaturgo do século XX, Bernardo Santareno, a glória de colocar António José da Silva no panorama teatral, com a peça O Judeu (1966), e na qual alcança um dos mais elevados momentos da dramaturgia portuguesa de todos os tempos pela «narrativa dramática» apresentada. Mais recentemente, a vida do dramaturgo foi encenada por Jom Tob Azulay no filme O Judeu, de 1995.
A sua obra inicia-se em 1733 com Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança. No ano seguinte escreve Esopaida ou Vida de Esopo. Seguem-se então obras de inspiração greco-latina como Os Encantos de Medeia (1735), Anfitrião ou Júpiter e Alcmena e Labirinto de Creta (ambas de 1736), ambos de 1736. A sátira é uma constante na imaginação criadora do dramaturgo e a sociedade em que vive fornece-lhe imensas temáticas. No ano de 1737 escreve As Guerras do Alecrim e da Manjerona e Variedades de Proteu. A sua última produção ocorre em 1738 com Precipício de Faetonte. É-lhe ainda atribuída a autoria de Obras do Diabinho da Mão Furada.
Todas as óperas joco-sérias, como António José as classificou, foram encenadas na década de 1730 no Teatro do Bairro Alto, deliciando pessoas de vários estratos sociais que ali acorriam para se verem ao espelho e deliciarem-se com as grotescas caricaturas das suas próprias taras e manias.
O dramaturgo recupera a prosa dramática e ridiculariza a sociedade sua contemporânea mas também os padrões clássicos da estética do século que o precedeu e que, apesar de tudo, ainda era bastante cultivada nos saraus aristocráticos. Intencionalmente, António José rejeita os modelos estéticos clássicos e os padrões aristotélicos, como as «consagradas» leis das unidades. As suas obras procuravam sobretudo desmitificar a produção teatral e criar um verdadeiro teatro português. Se não foi mais longe, tal ficou a dever-se tanto ao barroquismo que enformava os gostos da época como à curta existência a que teve direito.
A sua obra seria publicada, postumamente, pelo seu amigo e editor Francisco Luís Ameno, sob o título Theatro Comico Portuguez (1744), cujos dois primeiros volumes contêm as oito óperas de António José da Silva, sem menção dos autores. Apenas Labirinto de Creta, Variedades de Proteu, e As Guerras do Alecrim e da Manjerona foram publicadas em vida, nos prelos de António Isidoro da Fonseca, entre 1736 e 1737.
Apesar de uma obra pouco extensa e de uma vida curta, a figura de António José da Silva tem surgido «modelada» como «mártir da Inquisição», aceitando o epíteto com que Teófilo Braga o celebrizou. A sua história inspirou Camilo Castelo Branco, ele próprio de origem judaica, a dedicar-lhe, em 1866, uma das suas novelas – O Judeu. Mas caberia já a um dramaturgo do século XX, Bernardo Santareno, a glória de colocar António José da Silva no panorama teatral, com a peça O Judeu (1966), e na qual alcança um dos mais elevados momentos da dramaturgia portuguesa de todos os tempos pela «narrativa dramática» apresentada. Mais recentemente, a vida do dramaturgo foi encenada por Jom Tob Azulay no filme O Judeu, de 1995.
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