quarta-feira, julho 19, 2006

Dramaturgia do Texto

O ponto de partida para o professor Pedro Matos relativamente à dramaturgia de um espectáculo é definido sempre pela transformação da narrativa onde para cada texto é necessário um processo diferente.

No exercício-espectáculo dos alunos do 2º ano da Escola Superior de Teatro e Cinema a sustentação da dramaturgia é constituída pelo texto (Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança de António José da Silva, o Judeu), o Mito do Quixote de Cervantes (via de acesso para a construção das personagens) e o Barroco (a conceptualidade barroca, a construção em abismo, a necessidade de deformação, a questão formal das formas que aparecem do corpo do actores). A temática é definida pela natureza, as viagens em par, a festa e a bebedeira e o surgimento de revelações ao longo dos diálogos das personagens.

A metodologia de trabalho do professor deve ser assegurada pelas primeiras impressões, onde se começa a perceber o próprio texto. Para Pedro Matos, uma peça não deve ser ensaiada de seguida porque senão a primeira cena fica bem ensaiada e a última não. Um dos pontos fundamentais para um bom ensaio é o aquecimento, período essencial para se adquirir a concentração necessário para o bom desempenho dos actores.

A partir das linhas de força da dramaturgia (ponto de partida, bases e temática) a construção das personagens pelos actores e sua distribuição de papeis é feita através de uma ferramenta prática, a improvisação. Deste modo os actores devem ir ao encontro do encenador através de propostas descobertas ao longo do seu processo criativo e da sua ligação com os objectos e situações. O encenador deve, então, apelar à inteligência dos actores na escolha do melhor sentido a seguir através de conceitos e imagens, tanto ao grupo como ao individual.
Em termos de cenografia, o professor definiu a primeira parte como um espaço vazio, despojado de qualquer cenário, apenas definido pela interpretação dos alunos do próprio texto, pelos figurinos, pelos adereços e pelas luzes. Na segunda parte do exercício-espectáculo a cenografia ganha importância definindo o espaço teatral (árvores, jardim dos fidalgos, a ilha flutuante de Sancho determinada pela ideia de planos).

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